21 agosto 2009

Cultura Literal - José Cardoso Pires.

. 21 agosto 2009

No oitavo post da série, algo diferente.
José Cardoso Pires, figura do maior relevo no quadro das letras lusas atuais, é um renovador do romance português, tendo-lhe dado dimensão internacional, graças à modernidade da linguagem e da técnica narrativa.

Em conjunto com Augusto Abelaira e Orlando Costa, pertence ao grupo dos ficcionistas que não só renovaram a criação romanesca em Portugal, como conferiram, pela incorporação de modernas técnicas à arte narrativa, dimensões internacionais à novelística portuguesa.
Procede José Cardoso pires da linha do neo-realismo peninsular inaugurada por Soeiro Pereira Gomes e que adquiriu sólida consistência sociológica na ficção de Alves Redol.


O Delfim.

José Cardoso Pires o construiu a partir de um modelo poliédrico. Assegurou, dessa forma, a multiplicidade de ângulos necessária à análise de seu tema: a agonia, entre espasmos hedonísticos, da aristocracia lusitana de base agrária. O personagem principal - o engenheiro -, com a perda do nome, perde a configuração humana, assumindo a postura de símbolo. É plasmado na dimensão do mito.

Um mito satelizado pela caça, uma lagoa, o uísque, um Jaguar - não vivêssemos a era da cultura do automóvel. Com esses elementos, o autor de Caminheiros constrói a sua epopéia.
Mas é uma epopéia no vácuo - e Lukács não definiu o romance como canto épico de um mundo abandonado por Deus?
Claro: a crítica social está presente no livro, mas como realidade subjacente, pois O Delfim é, antes de tudo, uma realização artística esteticamente bem consumada.

É um romance que analisa e descarna impiedosamente a agonia, entre espasmos, da aristocracia lusitana de base agrária.


O livro é mais uma edição da editora Bertrand Brasil.

Uma ótima dica de leitura.





(J.M)

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