10 março 2010

Clássico: "A Revolução dos Bichos" é crítica atemporal

. 10 março 2010

Hoje, o CAFÉ está com gostinho de clássico. Resolvi recomendar aos leitores um dos meus livros prediletos: "A Revolução dos Bichos" ("Animal Farm"). Trata-se de um dos mais fantásticos e inteligentes livros de todos os tempos. A fábula de George Orwel consegue ser ácida, crítica e real, ao mesmo tempo em que é encantadora e anedótica.

O livro conta a história dos animais de uma fazenda, que, cansados da opressão e das péssimas condições de vida e trabalho, decidem expulsar o dono e tomar posse da mesma. Liderados pelos porcos, inicia-se uma nova fase baseada no animalismo.

A Granja do Solar prosperava viva e feliz, baseada nos sete mandamentos dos animais, a seguir:

1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.

2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.

3. Nenhum animal usará roupas.

4. Nenhum animal dormirá em cama.

5. Nenhum animal beberá álcool.

6. Nenhum animal matará outro animal.

7. Todos os animais são iguais.

Porém, o poder sobe à cabeça dos porcos. Disputas internas, as perseguições e a exploração do bicho pelo bicho fazem, aos poucos, o regime da Granja do Solar mudar de rumo. Os mandamentos sofreram alterações:

4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.

5. Nenhum animal beberá álcool em excesso.

6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.

7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais do que outros.

E é assim, numa fábula bem elaborada, que George Orwel constroi uma grande crítica ao comunismo soviético no período da Guerra Fria. Sua lição de moral, porém, ultrapassa todas as épocas e chega intacta aos dias de hoje, onde vemos grandes figuras políticas, antes aclamadas como a “esperança”, chegar ao poder para fazer igual (ou pior) ao que antes combatia.

Não por acaso, "A Revolução dos Bichos" foi muito lembrada por cronistas no período de grande crise do primeiro mandato do presidente Lula, o caso do Mensalão. Enquanto as TVs mostravam o dia-a-dia das CPIs, era inevitável a comparação. Era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.

André Santana

1 xícaras tomadas.:

Marcos Vinicius Gomes disse...

Boa dica...estou lendo o original em inglês da Penguin. O livro é mesmo atemporal, e pode ser adequado não somente à ideologia comunista, mas a todas aquelas que tentam num argumento libertário aprisionar ainda mais aqueles que a abraçam entusiasticamente.