08 maio 2010

Heath Ledger vive em "O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus"

. 08 maio 2010

Claro que “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” deve chamar a atenção por ser o último filme da carreira do jovem e talentoso Heath Ledger, morto em 2008. Mas, felizmente, o longa não é só isso. Trata-se de um filme com os pés fincados na fantasia, com características bastante peculiares e, por que não, encantadoras. Se universos, digamos, “alternativos”, estão na moda por causa do oba-oba em torno da “Alice” de Tim Burton, o novo filme de Terry Gilliam surge como a cereja do bolo.

No longa, dr. Parnassus (Christopher Plummer) é um homem com mais de três mil anos. Ele lidera um grupo de teatro mambembe que tenta sobreviver numa época quando as pessoas não se interessam mais por histórias. Em Londres, a trupe composta por sua filha Valentina (Lily Cole); Percy (Verne Troyer); e Anton (Andrew Garfield), encena o mundo imaginativo de Parnassus, que realmente existe através do espelho aparentemente cenográfico instalado no centro de seu palco. Sua moldura, no entanto, é passagem para a imaginação não do protagonista, mas do próprio cidadão que ousa ultrapassar a fronteira entre a realidade e a mente, tão cheia de ilusão truques e armadilhas. Mas o grande desafio de Parnassus é ganhar uma aposta feita há muito, muito tempo com Nick (o cantor Tom Waits), também conhecido como o Diabo.

Chama a atenção a maneira como o roteiro encontrou para suprir a ausência de Ledger, que faleceu antes de concluir as filmagens. Intérprete de Tony, o ator ganha o “reforço” de Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell, que se revezam com Ledger no papel. À primeira vista estranho, o revezamento é justificado no roteiro como sendo efeito das viagens através do mundo do espelho. Além de ser uma explicação totalmente coerente com a trama, o recurso também funciona como uma homenagem póstuma ao ator. Em entrevista à revista Preview, o diretor Terry Gilliam disse que se emocionou quando Depp, Law e Farrell toparam substituir o ator e salvar o filme, e achou ótimo ter podido ter os quatro atores como Tony. “Nunca tinha ouvido falar de nada parecido com o que eles fizeram. De três atores do time A salvarem o filme de seu amigo e dar todo o dinheiro que ganharam para a filha dele. É extraordinário. Mas diz muito sobre o quão importante Heath era para as pessoas. Ele realmente era muito especial. Foi simplesmente incrível”, declarou.

Estética e ação belíssimos, trama intrigante e desafiadora, “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” não é daqueles filmes que agradam a todos. Porém, aos que buscam um programa diferenciado para o final de semana, sem dúvidas taí uma excelente sugestão.

André Santana

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