26 maio 2010

"Lost" acabou. E agora?

. 26 maio 2010


Tristeza para uns, alegria para outros. Sim, amigos, “Lost” chegou ao fim. Foram seis anos de muitas dúvidas, emoções, aventuras, enigmas... Seis anos acompanhando diferentes momentos da vida daqueles sobreviventes do “acidente” do voo 815 da Oceanic. No saldo final, muitas respostas, dúvidas sem solução, fãs satisfeitos, fãs indignados e muita emoção. O episódio final foi exibido na noite de ontem no Brasil, mas se alguém aí ainda não viu, não continue a leitura deste texto: spoilers à vista!

Na sexta temporada da série, “Lost” assumiu de vez sua porção fantástica ao revelar o porquê de os protagonistas terem ido parar naquela ilha misteriosa. Ao mostrar os sobreviventes como escolhidos e peças de um conflito entre irmãos (ou o bem e o mal) cujo palco era a própria ilha, a série finalmente os relacionou, já que sempre foi claro que eles não estavam ali por acaso. Também mostrou a ilha como uma espécie de purgatório (uma das várias teorias lançadas ao longo desses seis anos), onde os personagens puderam perceber o quão perdidas estavam suas próprias vidas.

O mais perdido de todos, Jack Shepard, sagrou-se o grande protagonista de “Lost”. O médico nunca soube lidar com os conflitos de sua própria vida e, aos poucos, sentiu que sua missão era mesmo na ilha. Por isso mesmo voltou para lá e se ofereceu ao encargo proposto por Jacob: ser o guardião do local. Missão acatada, o doutor finalmente venceu o “monstro de fumaça” e salvou a ilha da destruição, se sacrificando em nome da missão e elegendo Hurley seu novo protetor. Jack morre numa cena emblemática, numa referência direta e interessante ao início de toda a saga. Olhos abertos, olhos fechados. Fim.

Alguns fãs parecem não ter gostado da explicação da realidade paralela vista ao longo da sexta temporada de “Lost”. Todos os personagens reunidos (até aqueles que morreram na longínqua primeira temporada) e a revelação, feita pelo pai de Jack, que todos ali estão mortos e que se re-encontram agora num novo momento (ou “plano”). Sendo assim, a realidade alternativa é que era uma espécie de “purgatório”, onde todos passaram por outras provações até se lembrarem da vida juntos e, finalmente, se reunirem. Muita gente não gostou, mas não deixa de ser um final poético, simbolizando a vida eterna.

Sem respostas para todas as perguntas, “Lost” termina para se tornar eterna. As discussões e teorias continuarão acontecendo, sobretudo no sentido de elucidar o que, afinal, era a ilha e o porquê daquela luz ser tão especial. Cada um, provavelmente, vai tirar a sua própria conclusão sobre todo o simbolismo envolvendo o enredo. E é assim que deve ser. Desde o início, “Lost” se mostrou como uma série em que o espectador não se comporta passivamente. Não seria diferente no final.

“Lost”, então, sai de cena e entra para a história. Além da revolução midiática observada, a série termina com o trunfo de ter atraído a atenção de milhões de espectadores pelo mundo todo sem ser um programa de fácil digestão. Pelo contrário. Seu enredo desafiador fazia o espectador pensar e se envolver. Se a TV era vista como um entretenimento sem valor, “Lost” veio para provar que as duas coisas podem andar juntas. Valeu!

André Santana

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