04 julho 2010

"Os Homens que Não Amavam as Mulheres": páginas de mistério

. 04 julho 2010

Stieg Larsson, autor da trilogia literária “Millennium”, era um workaholic inveterado. Trabalhava tanto que mal dormia. Para se manter atento e ativo, cultivava hábito pouco saudável: fumava 60 cigarros por dia. Não deu outra: morreu de infarto fulminante em 2004, aos 50 anos, e não chegou a presenciar o sucesso de sua obra literária. E os leitores não puderam conhecer mais da série “Millennium”, já que a ideia inicial de Larsson era escrever dez livros. Mas os três livros que compõem a série – “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo de Ar” – foram o suficiente para firmar o nome do jornalista sueco como um exímio romancista de mistério.

O primeiro volume, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, narra a saga do jornalista Mikael Blomkvist numa busca para desvendar uma trama escabrosa envolvendo a elite sueca. Ao seu lado está Lisbeth Salander, uma hacker esperta e cheia de truques, embora bastante perturbada. A dupla se envolve no caso quando Blomkvist é contratado por Henrik Vanger, dono de um império industrial que convive com o mistério envolvendo o desaparecimento de sua filha Harriet há 40 anos. A herdeira sumiu em 1966 e, desde então, o industrial tem recebido uma flor emoldurada, presente que costumava receber da filha sumida. O velho tem certeza que a filha foi assassinada, por isso chama Blomkvist para conduzir uma investigação particular.

O convite chega num momento complicado da carreira de Mikael Blomkvist. O jornalista está preocupado com a credibilidade de sua revista Millennium, pois acaba de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström. Assim, Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Porém, a investigação encontra resistência dentro da própria família Vanger. Com o auxílio de Lisbeth Salander, ele logo percebe que a trilha de segredos do clã industrial vem de muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet.

Os livros seguintes, “A Menina que Brincava com Fogo” e “A Rainha do Castelo de Ar”, exploram novos mistérios a serem desvendados por Mikael Blomkvist, sempre acompanhado de Lisbeth Salander. A série “Millennium” tornou-se um fenômeno literário mundial, tendo vendido cerca de 20 milhões de exemplares em mais de 40 países. O autor Stieg Larsson conduz a trama de sua série por variados aspectos da vida contemporânea, desde a corrupção no mercado financeiro, passando pela violência sexual e movimentos neofascistas.

Como já virou praxe, sucesso literário acaba ganhando as telas de cinema. Os três livros da série já ganharam uma versão cinematográfica e até uma série de TV na Suécia. O filme sueco baseado em “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” estreou em alguns cinemas brasileiros em maio deste ano. E Hollywood prepara-se para dar sua versão da saga de Mikael Blomkvist em longa que deve ser dirigido por David Fincher (de “Clube da Luta” e “O Curioso Caso de Benjamim Button”).

No Brasil, a série “Millennium” é publicada pela editora Companhia das Letras.

André Santana

0 xícaras tomadas.: